E havia uma vontade. Sempre houve, na verdade.
Era fim de tarde e ela arrumou os cabelos. Durante muito tempo ficou se penteando em frente ao espelho embaçado com o calor do banho quente. Ela de repente parava, se olhava, olhava detalhes em seu rosto. Saiu do banheiro, caminho rapidamente para o quarto. Sentou em sua cama e pensou na vida. Um filme se passou na sua história.
Era uma história de amor, a qual ela sentia muita vontade de reviver. Reviver uma história de amor, "como pode", ela pensava? Como podemos viver um amor que nunca existiu? E eu vos explico. Isso é o que ela achava.
Era uma garota meiga! Ela confiava em todos e achava que, apenas pelo fato se ser sincera, de gostar, as pessoas eram assim com ela. Ela se entregou, confiou segredos e deixou pessoas permanecerem na sua vida como o perfume da tulipa vermelha ficou em seu nariz, em sua mente.
Aquela flor passou algo além de seu que seu cheiro. Cheiro esse, que só ela sentira. E foi devido ao perfume da tulipa que ela começou a ver àquele menino com outros olhos.
Sua vida com ela era mais bonita, era mais feliz. Os abraços dele a acalmavam. O perfume dele exalava paz. O beijo dele dizia "eu te amo" como o Google Translate jamais poderia traduzir. Ela sabia todos os detalhes do corpo dele, como jamais o Google Earth poderia mostrar. Ela via beleza nele que os olhos de ninguém poderiam ver. Quando ela percebeu, estava amando.
Ela o amou mesmo antes de o conhecer de verdade.
Os dias foram se passando e o sentimento foi ficando recíproco. Eles criaram um mundo só deles. Os carinhos, os risos, os olhares, as discussões... Bastava um toque, um olhar, e tudo ao redor dela era branco, era paz. Ele elogiava ela quando acordava, quando dormia, quando faziam amor. Estava tudo perfeito.
O rapaz precisou viajar, depois de meses juntos, todos os dias, num mundo onde apenas o branco existia.
Ela ficou só. A solidão era sua melhor amiga. Todos os dias ela pensava na vida. Ela não recebia notícia. Passaram alguns meses. Ela decidiu sair do quarto. O amor já não existia, era tudo mentira. Abriu a janela do quarto, o dia estava nublado. Colocou a primeira roupa que achou e sentou-se no jardim.
Dentro da casinha do cachorro que não existia ela viu uma carta.
Era uma carta dele, escrita no dia da grande viagem. Ela sentou-se e chorando leu:
"Meu amor. Não, minha vida. Foram meses, foram pouco tempo ao seu lado, mas pareci que vivi uma vida. Eu vivi com você, por você, eu te amei. E ainda te amo. Com você descobri o amor, com você aprendi a amar. Você foi a mulher da minha vida. Quem fiz planos pra ter filhos.
Seus olhos me transmitiam paz, seu abraço me passava a calma que eu precisava. Seus lábios atraiam o meu. Se for pra viver várias vezes um mesmo período, escolheria viver ao seu lado. Você me fez a pessoa mais feliz do mundo. Eu aprendi o valor de um filme debaixo do cobertor, comendo brigadeiro, chocolate, tomando coca-cola... Eu aprendi a apreciar um dia na praia, deitado na areia, olhando o céu azul. Vi você me amar, me beijar e dizer que te amava. Eu vi você ser feliz como eu sou.
Mas me afastei. Eu te conheço meu amor. Eu sei que você deve estar reparando nessa carta tempos depois deu ter saido sem dar aviso. Eu fiz isso pra te proteger. Poder dar espaço pra um novo amor. Eu não queria que você sofresse por mim. Eu queria que você apenas soubesse que eu iria voltar. E eu voltei. Olhe ao lado da casinha. Existe uma tulipa. Uma tulipa vermelha. Aonde você for a leve. Será meu eterno amor te acompanhando por toda vida.
Eu quando disse que ia visitar minha mãe, eu menti. Eu fui fazer um exame, e descobri que estava com câncer. Quis me afastar de você, pra garantir que você não me veria triste e só guardaria bons momentos de nós dois, te amando até o último dia da minha vida. Agora vai, segue sua vida que serei teu anjo da guarda e não culpe Deus. Não confunda a vontade de Deus com a permissão Dele. Nem tudo o que acontece é de Sua vontade, mas nada acontece sem a Sua permissão.
Te amarei eternamente, meu eterno amor."
Ela chorou, chorou, e não percebia que chorando regava com amor o símbolo de amor eterno deles.
O tempo passou, ela continuou regando a delicada e verdadeira tulipa. Mas esta não resistiu, e junto com a tulipa, a bela garota não resistiu e morreu. Indo viver assim, uma linda história de amor com aquele que foi responsável por sua felicidade. O único verdadeiro amor.
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