Já são quase quatro horas da manhã e eu não consigo dormir. Uma lágrima escorre do meu rosto, dessa vez não é porque eu bocejei, é... é... Eu não sei o que é. E por causa disso meus olhos se enchem de lágrimas e eu choro. Tomo minhas decisões e fico assim.
Eu tomei uma decisão muito difícil na minha vida. Eu desisti do caminho que escolhi pra me fazer feliz. Eu sou uma pessoa invadida de saudade. Eu choro não é lembrando de todas as vezes que chorei, e sim de todas as vezes que fui feliz. Eu sempre faço textos como esse, sempre. Mas é que dessa vez eu preciso mesmo desabafar.
Eu já não tenho mais cara de conversar com ninguém. Quando perguntam como eu estou eu minto e digo que estou bem, eu evito falar sobre certa pessoa, eu coloco um sorriso no rosto que não existe; digito risadas no msn que não tenho a mínima vontade de dar. Mas chega uma hora que eu não aguento e solto a fera que existe dentro de mim. Trato mal quem só quer meu bem; pessoas que me tratam bem e talvez pudessem, ou melhor, tentassem dizer alguma palavra de conforto, que me animasse. Mas, nada que me fosse dito me animaria.
Eu penso em tudo que eu posso fazer pra me animar e tudo sei que vou ficar triste, ou que vou ter alegria seguido de intervalos de tristezas.
Cinema? Nem me lembro quando fui ao cinema sozinha, sem a companhia da qual eu gostava. Parque? Foi onde tudo começou. Praia? Lembranças loucas de João Pessoa. Shopping? Vitrines de roupas masculinas. Centro? É lá que ele trabalha. Qualquer coisa, qualquer canto, tudo, tudo me traz lembranças e são essas lembranças que me fazem chorar na madrugada. Eu não aguento.
Eu sei que ele vai ficar com outras meninas e vai poder até se relacionar com elas. Ele vai elogiar, vai gostar do beijo e vai sentir prazer, vai desejar elas, ou ela. Ele vai esquecer de mim. Ele vai a praia, ao cinema, ao bar, a casa delas e talvez ela a casa dele, começando por um churrasco. Ele vai fazer planos com ela, vão tirar onda sobre o futuro e talvez vire coisa séria. Ela vai ser mais calma, mais bonita, mais compreensiva e eu já não existirei mais. Eu queria ser assim também, mas não sou. Não sei me entregar a outra pessoa, porque pra mim mais ninguém serve. Mas eu estava precisando tomar a atitude que eu tomei. Eu estava precisado me amar, ter confiança e dar a ele a vida dele tão livre que eu, de alguma forma impedia. Ele é tão novo e nem tinha certeza se era isso que ele queria, eu sentia.
Sempre que alguém me ver vai perguntar por ele ou querer saber porque tudo chegou ao fim depois do final de semana mais perfeito da minha vida. Depois de duas noites ao lado da pessoa que eu mais amei. E eu sempre vou lembrar.
Eu olho meu celular de instante em instante pra ver se não tem uma mensagem, uma ligação, porque, por mais que seja uma mensagem pedindo pra eu esquecer ele, eu sei que ele vai esta lembrando de mim. No dia que ele parar de me mandar mensagem, me ligar, é porque não está nem aí mesmo. É como aquela frase: "Enquanto eu gritar, brigar, descorda, xingar, bater, encher o saco;tudo bem. Mas quando eu te ignora, ai voce pode começar a se preocupar!". E se eu não dou notícia é porque sei que não iria adiantar de nada, a m*rda já está feita. De fato a gente não tem mais nada.
Eu não sei olhar na rua e ver as pessoas felizes, namorando, se beijando. Não consigo! Fico imaginando a que ponto deixei chegar meu namoro que foi preciso eu acabar. Ainda mais deu ter tido um ótimo final de semana. As vezes acho que o problema sou eu, mas não posso me culpar, não sou tão ruim assim.
E agora eu não tenho vontade de acordar cedo pra não pensar mais nele.
Pensar em TUDO que eu disse, ouvi e vivi e que agora, ele vai ouvir, dizer e viver com outras.
Não sei fingir sentimentos, mas pra ele sei que é necessário.
O cheiro dele ainda está em meu lençol, meu travesseiro...
Eu não aguento. É como se algo dissesse que ele é meu e eu sou dele é assim que tem que ser. É assim que vai ser. Mas EU, minha razão, pensa diferente. Ele é do mundo, e eu sou minha. Do meu canto, sozinha.
E eu penso numa menina que chorou pelo seu namorado num caixão e penso no tempo que posso estar perdendo.
Mas já era. Não tem pra que me lamentar. Tudo acontece por algum motivo, porque tinha que acontecer.
